BIM 3D, 4D, 5D e 6D

Aldo Dórea Mattos

Construtores e incorporadores apostam cada vez mais no Building Information Modeling (BIM), uma poderosa metodologia de modelagem tridimensional que vai além da simples maquete eletrônica da edificação.

A ideia por trás do BIM é ser uma plataforma em que se carreguem todas as informações para a gestão do projeto, da obra e de toda a vida útil do prédio ou instalação. Os projetistas trabalham sobre uma mesma base, sendo possível antever e corrigir as inevitáveis interferências entre, por exemplo, o projeto estrutural e o de ar condicionado. Os principais mercados de construção mundial relatam que a adoção do BIM se reflete em melhorias de produtividade, eficiência e qualidade dos projetos, com consequente ganho em competitividade.

No último Simpósio de Engenharia de Custos da AACE o tema BIM foi tratado com entusiasmo. Parece que enfim chega-se a uma massa crítica de empreendimentos que dão peso à metodologia e permitem ver que sua implementação traz resultados auspiciosos.

Quem se dispõe a erigir uma edificação a partir de projetos arquitetônicos está sempre certo de que possui todos os elementos construtivos necessários às atividades de campo e que executará a obra sem tropeços. Ledo engano. O que a experiência mostra é que quase nunca o projeto almejado é o que efetivamente se constrói, pois há interferências, ineficiências, alterações de projeto, mudanças de especificações e, o que não é raro acontecer, a obra é iniciada sem que o projeto esteja num grau mínimo de maturação minimamente compatível com os serviços de construção.

BIM 3D

O BIM 3D consiste na consolidação dos projetos da obra em um mesmo ambiente virtual, em três dimensões e com todos os elementos necessários para sua caracterização e posicionamento espacial.

Uma das grandes vantagens do BIM 3D é o que se chama de clash detection (detecção de conflitos), isto é, a identificação de inconsistências entre os diversos projetos, como uma porta fora de lugar, um tubo que “colide” com um pilar, etc.


BIM 4D

No BIM 4D, os elementos gráficos da edificação podem ser atrelados ao cronograma da obra. Esta correlação torna possível ao gestor acompanhar o avanço físico da construção e, com o simples arrasto de um cursor do computador sobre o cronograma, ver a obra sendo paulatinamente construída como num filme.

O BIM 4D é útil também sob o ponto de vista mercadológico, já que propicia a gravação de filmes da evolução da obra para encantamentos dos clientes.

No BIM 5D agrega-se a dimensão custo ao modelo tridimensional. Cada elemento do projeto passa a ter vinculação a dados de custo. Assim, a alvenaria mostrada no pavimento fica ligada a seu orçamento e a seus respectivos insumos de produção. Uma alteração de dimensão na planta torna possível a atualização do orçamento.BIM 5D

BIM 6D

Em toda essa evolução do BIM, o que a meu ver garantirá sua penetração nas empresas brasileiras é a exigência cada vez de proprietários e operadores de edifícios comerciais, hospitais, aeroportos, faculdades, estações de tratamento de efluentes e indústrias para que seus projetos sejam feitos em BIM.

A razão é que esta sexta dimensão constitui a facilities management, ou seja, o gerenciamento do ciclo de vida do bem em questão. Com o BIM 6D, pode-se controlar a garantia dos equipamentos, planos de manutenção, dados de fabricantes e fornecedores, custos de operação e até mesmo fotos.

No entanto, a passagem do processo tradicional de desenvolvimento de projeto para uma metodologia BIM requer mudanças de paradigma. Será preciso que todos os projetistas trabalhem sob uma mesma coordenação, com software que “conversem” entre si, com codificações alfanuméricas comuns e homogeneização que, às vezes, assusta quem não está disposto a adaptar sua prática de trabalho.

O BIM, assim, não constitui uma mudança de ferramenta. Ele constitui, sim, prioritariamente uma evolução na filosofia de trabalho.

Por fim, fechamos o assunto com a transcrição do importante relatório da SmartMarket, publicado pela McGraw Hill Construction em junho de 2014. O texto mostra que:

  • Três quartos das construtoras responderam positivamente sobre o investimento feito em BIM, e possuem ideias claras de como melhorar este retorno.
    Menores custos da construção, menores retrabalhos e redução dos erros de projeto são um dos cinco benefícios mais citados pelas empresas.
  • As construtoras pesquisadas esperam aumentar seus trabalhos em BIM em 50% em média. Os investimentos em BIM aumentam de acordo com o nível de engajamento, soma de experiências em BIM, habilidade no uso da tecnologia e elevação do comprometimento na utilização da tecnologia.
  • Os investimentos nos próximos dois anos se dará no desenvolvimento dos processos internos e externos de colaboração bem como na utilização de dispositivos móveis.”
  • Nas páginas 48 e 49 do documento está o relatório sobre o Brasil. Estamos dando grandes passos, ainda que no nível mais baixo de uso do BIM, estamos avançando, na nossa visão, mais rápido que o previsto.